segunda-feira, 21 de abril de 2008

Necrofilia

Fiz do meu corpo sepultura.
Mas quando vieram exumar o cadáver
não deixei de,
na minha rigidez cadáverica,
gozar.

Lastro a lastro

a Maíra

Eu me rasgo nesse rastro.

O perfume de fruta perfura
narinas esquálidas.
O suor adocicado
escorre nas espáduas.
Tantas frontes pálidas
não têm raiz quadrada.
Mas a resposta certa
a todos será negada.

domingo, 20 de abril de 2008

A Onfray

No post do blog do colega, a pergunta: "Qual o seu maior desejo?" Uma das respostas: "Ser rica." Então eu penso que é provavelmente a mesma resposta que a minha, embora eu tenha passado toda a vida negando esse desejo por causa da educação religiosa que tive reprovando a vida material. E se eu tivesse sido mais ambiciosa, mais inteligente e mais hedonista (ou seja: menos religiosa), teria cursado uma faculdade que pudesse me levar a exercer uma profissão melhor, ao invés de ter me tornado professora e ganhar uma mixaria como salário, como é a realidade atual! Resumindo: sou infeliz e muito provavelmente a religião é uma das culpadas por isso, inclusive culpada com certeza por me fazer sentir culpa (não a culpa sexual - que essa não tenho - já que os freudianos de plantão insistem que tudo é relacionado a sexo. Mas lembrar-me da culpa sexual fez vir à minha cabeça uma sátira da revista TPM: Nina Lemos criou o "Santo padroeiro da culpa católica", com uma página com 6 santinhos para se recortar e distribuir - à moda dos fiéis - com a foto de um "santo" gato com o pau na mão, e uma oração irônica na parte de trás. A TPM é bem superficialzinha, coitada, mas, atire na igreja católica - sim, com letra minúscula - e me conquiste. Aliás, não é que o Papa Bento XVI tem sido mais coerente ultimamente? Deve ter visto que fez muita merda, deve ter percebido estar indo contra a opinião pública. Mas mais retrógrado que ser contra as pesquisas com células-tronco embrionárias, não há!)

Gota gorda

Se ave pudesse ter complexo de inferioridade e raiz quadrada de quarenta e um pudesse ser exata, veias grossas explodiriam sob a pele, eriçando-se sangüíneas rumo ao ventre inchado, enxada: pá que cava, cava. Cava a dor abutre cruel da cólica menstrual, menstruando todas as linhas telefônicas, por isso que eu ligo e só dá ocupado, raios!

sábado, 19 de abril de 2008

Click

Vontade de sair por aí, máquina fotográfica na mão, congelando pequenas "banalidades" cotidianas - ou nem tão cotidianas assim: um inseto colorido, uma semente caída no meio da rua, um carteiro em seu ofício, uma latinha de Red Bull usada como vaso de plantas numa república de estudantes, enfim, essas coisas aparentemente superficiais, mas que preenchem nossas vidas como brindes extras que ganhamos do acaso.