segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Ferro velho

Minha vida - e aqui não me refiro apenas à vida afetiva - é uma sucessão de fracassos (se imaginarmos que "sucessão" poderia ser aumentativo de sucesso, "sucessão de fracassos" é uma ironia). Então vou vivendo, me arrastando pela vida, pelos dias pelos meses, rastejando, deixando meu rastro gosmento como o de uma lesma, e deixo-me engolfar por esse consumismo febril que se alastra pelo mundo, compro uma coisinha ali, outra aqui, como uma criança sempre pedindo novos brinquedos, como um neném balança seus brinquedinhos pendurados no berço, essa é a minha diversão, a anestesia dessa vida monótona: então é pra isso que eu queria trabalhar e ganhar dinheiro? Essa é a minha vida. Como deve ser a da maioria das pessoas do mundo. Algo modorrento, um ano se amontoando em cima do outro, virando um entulho.

6 comentários:

J.M. de Castro disse...

Sempre me espanto com o retrato que esboça não só para a condição que às vezes se faz presente na sua vida, comonas condição do homem contemporâneo. E que é a minha também, e que como loucos, tentamos fugir desses traços da existência, que a maioria acha natural e imutável, e que nós, com aquela observação de cão, sabemos diagnosticar. Diagnosticar os nossos problemas e continuar amarrados neles. Eis a minha condição também.

Lu Morena disse...

Adorei sua sacada sobre a sucessão!
Você descreveu perfeitamente a minha vida... talvez devêssemos fundar um clube! rs...
O sentimento de entulho é bastante constante, e isso me faz lembrar de "Estorvo", o livro do Chico Buarque. Mas não vou me alongar sobre o assunto agora, quero comentar o post anterior!
Bjins!

Lidiane disse...

Cacau, não desanime, sabe?
Porque senão, piora.
Força aí porque dias melhores hão de chegar para todas nós.
Pode apostar.

Beijoca.

disse...

Entro na onda da maioria, espero o amanhã chegar com bons ventos, só assim pra nao surtar de vez.
Xeros

Lontra disse...

É, minha cara, como eu lhe entendo bem. Nem a conheço, mas sei como te sentes.

Quando a gente se torna adulto, fazendo coisas de adultos, levando a vida dos adultos é que a gente vê os adultos não têm graça nenhuma. Ao contrário, é um negócio muito chato esse de virar adulto.

A vida passa a ter menos diversão, mais responsabilidade, menos alegria e mais modorra. Falta dinamicidade, essa é que é a verdade.

Mas é a vida, né? E é bonita, apesar de nós...

Lontra disse...

P.s.: Já vi que o cara do blog "Livros e Revistas" se utiliza de um "gerador de coments Tabajara, em inglês". Digo isso pelo fato de o indivíduo ter deixado o mesmíssimo comentário no meu blog.

Êta, preguiça!

Abraço.