sábado, 29 de dezembro de 2007

As frutas vieram rolando trazidas pelo vento. As maçãs bateram tanto uma nas outras até se transformarem em papinha. É tudo um vento gordo e grávido, com uma garotinha chorando no centro, uma garotinha com a coluna enovelada sobre si mesma, corcunda, carente, amorfa como a massa viscosa e interior de uma barata. E aquela âncora lançada ao mar como se fosse a última esperança. Não devia ter ancorado ali, tão certa de que fazia o certo. O vento rodopiava, insano: a garota deu um tiro no próprio ouvido como se clicasse num botão para acender a luz.

2 comentários:

Xuxudrops disse...

Que confuso!
Me sinto como a garotinha, como se o vento fosse me domar.
Mas não quero acender a luz.O escuro me faz bem, ás vezes.

Ótimo, Cacau!

Beijão!

Lidiane disse...

Nossa, Cacau.
Que texto MARAVILHOSO.

beijo.