quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Eis o absurdo

ou
O Surto

(a Camus)

Enquanto eu sentia o sussurrar do além-banal
aquela manada rugia seu silêncio como rinocerontes lutando
batento seus chifres entre si
exalando hormônios que se evolavam no ar
sem nenhuma aplicação consistente
e seu brado era branco
e surdo
ao meu apelo.

Abriu-se uma fenda
entre mim e o mundo.

Haviam dois mundos paralelos.

E eu não pude conter
o furor emanado pela cisão.

Um comentário:

J.M. de Castro disse...

E quantas fendas existem em nós? E elas não se fecham. Jamais. Seria isso também um tipo de Absurdo, para um outro Camus, outros? E ao mesmo tempo, esse furor, singular que explode...porque também dessa fenda sai outra coisa, que poderiamos chamar de que, de EU?