Por hoje, cesso de adensar. Só quero uma superfície calma e macia, onde eu possa descansar a minha espera. Penso-te. Derramo-me em fios de lã, procurando uma mudez entre os lençóis. Penso-te. Ao teu lado (eu), pronunciando teu nome, tomando cuidado em prolongar tuas duas últimas sílabas, te retendo por mais tempo em minha boca. De quando éramos: eu te propunha caminhos. sugeria curvas. tomava o cuidado de não te apontar um destino. um destino qualquer nos mataria. sempre fomos do andar, do percorrer. nunca do encontrar. Agora tudo o que sinto é úmido e salgado, sentires de lágrima e de água do mar. Começas lentamente a perder a cor. Tuas matizes se confundem. Desbotas. Não te conto para ninguém. Penso(te): não existe o tempo, existe apenas a distância. Um corpo que marca o outro e depois se esvai.
Foto: Man Ray – Tears
créditos: http://www.fotolog.com/priscillamenezes
2 comentários:
O problema é quando o corpo nem marca o outro, quando não temos espaço para sugerir curva alguma...
É mesmo bonito. Triste e belo.
Sobre a foto, um dia eu me deparei com ela em algum lugar na internet, mas sem os créditos. Gostei, desenhei-a e só agora fui descobrir de quem é! Obrigada!!!
Postar um comentário