sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Fechei-me como uma ostra
como uma caixa de bosta
e nessa conversa "nossa"
em que meu coração monologa
só e aflito
sem seu pito
ele quase foge do peito.

Uma abordagem não usual sobre o racismo

O anti-americanismo é tão grave quanto o anti-semitismo. Americano também é gente e, no fundo, também vítima de um governo idiota.

Tudo bem, as religiões, sob uma ótica marxista, são realmente um aparelho ideológico do Estado. Mas também tem seu lado positivo. O que isso tem a ver com o que disse sobre os americanos? Uma vez, numa viagem de ônibus de Barra Mansa a Volta Redonda, conheci uma americana maneirassa de Seatle, e ela só puxou conversa comigo porque ela estava no Brasil como missionária de uma religião - que nem lembro mais qual é - e ela tinha como papel cativar as pessoas com o intuito de posteriormente convidá-las a participar de sua religião. Mas ela foi super simpática, nada de lavagem cerebral em cima de mim, só um convite sutil para ir à igreja dela no final da conversa. Aliás, ela acabou descendo no mesmo ponto que eu, pois a igreja dela ficava justamente na mesma rua onde eu morava na época.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Tributo a João Cabral

Meu trabalho é um "cão sem plumas", uma "flor sem perfume": eu NÃO uso detergente de morango!


(Coisa mais esdrúxula detergente de morango!)

Mas, ao contrário do Capibaribe, meu trabalho árduo é fecundo, e me dá orgulho executá-lo.

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“(...)
porque é mais espessa
a vida que se luta
cada dia,
o dia que se adquire
cada dia
(como uma ave
que vai cada segundo
conquistando seu vôo).”


(O cão sem plumas, João Cabral de Melo Neto).

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Raiz podre

Sobre a cordialidade do brasileiro, Sérgio Buarque de Holanda esqueceu de dizer que tem um estado em que ela não se aplica: o Espírito Santo (ou seria Espírito de Porco?).
Seu Adamastor saiu de casa todo elegante com seus cabelos brancos, roupa nova e um embrulhinho na mão.
Na primeira esquina, passou um pivete que, ágil, aproveitando-se da distração de seu Adamastor, catou-lhe o embrulho.
Seu Adamastor, indignado:

- Poxa, até meu exame de fezes!

sábado, 25 de agosto de 2007

As brincadeiras sérias

(Valdo Motta)

Por amor, sou aio e amo
de quem amo, e o persigo,
me abomino na lama,

enfrento qualquer perigo.
Se amo mesmo quem amo,
sou meu próprio inimigo,

Pois matei o que morreu
em mim ao me dar sem dó
a mó que moeu meu eu.

Só pode amar quem moeu
seu eu na amorosa mó,
e desse pó renasceu.

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Perdoem-me porque não sei se todos os versos se iniciam com letra maiúscula ou não, é que copiei isso de uma cópia - minha mesmo, mas nem lembro de onde copiei - na qual estavam todas as letras, inclusive as do interior do verso, com letra maiúscula. O mesmo se dá com o poema de Paulo Leminsky abaixo.
Amor, então
também acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transfromar em raiva.
Ou em rima.

(Paulo Leminsky)

Soneto do maior amor

(Vinícius de Moraes)

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere, vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

segunda-feira, 20 de agosto de 2007





Vida: garganta-esgoto-fossa-abismo que draga tudo.
Continuação da série "Paixonite aguda" (e platônica). Só que esse é atual, escrito no dia 18 de agosto agora:

Ai, que paixão doída!
Dá um frio na barriga!
Dói tudo: dói umbigo,
dá nariz entupido!

Dá tudo,
menos amor de volta.
E é por isso que eu me digo:
"Minha filha, não se empolga!"

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Poema meu publicado no Recanto das Letras em 21/01/2007 (estou totalmente retrô...):

Súplica

Eu: coberta de pólen, pelúcia, pluma, plúmbeo pó.
Você acompanhado e eu só.
Minha fada me quer, você não.
Eu passo fome e você mastiga o pão,
deixando as migalhas caírem no chão.
Bóio num grande lago,
você no cigarro dá um trago.
Cigarro, pólen, pão,
tudo perdido no espaço.
Deus, atento, desenha traço por traço
da ilustração desse calhamaço
que você nem quer ler, nem te interessa.
Eu te imploro um minuto de atenção, mas você tem muita pressa.
Eu: bailarina de perna quebrada.
Nunca mais te vi empunhar a espada,
que na sua vida sou apenas figurante.
Você no paraíso e eu no inferno de Dante.
E eu lhe peço: dê-me uma chance
de provar que há mel na minha colméia
que você pode comer até que canse,
até virar centopéia.
Poema meu publicado no Recanto das Letras em 28/08/2006, há quase um ano atrás:

Poema ilegível

Venho lhe comunicar
algo terrível:
estou apaixonada
pelo impossível.

Eu tateio o incorpóreo
e vejo o invisível.
O carro se move
sem combustível.

E nessa vida incrível
traço um plano infalível
pra fugir desse mundo horrível
voando num dirigível.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Ouvido obsoleto

(aos irmão Guedes Villani)

Meu caracol auricular é fuleiro
Não distinguo nenhum som por inteiro
Passei todo o mês de janeiro
Estudando o batuque do pedreiro
Mas desisti já em fevereiro
Já que meu tímpano é um isqueiro
Que queima todas as notas semeadas pelo mais cuidadoso jardineiro.

Não seja tão encrenqueiro
Deixe em paz o roqueiro
Que se prostitui pelo dinheiro
Tocando música sertaneja no puteiro
Puteiro que é essa sociedade
que fede mais que um banheiro.

Amor volátil

Quando somente tátil
o amor evola
tal como o vírus ebola
contagiando todos:
na rua, na farmácia, na escola.

Quando muito intenso,
vivido com a euforia da rede batida pela bola,
o amor não cola.

Mas o amor sereno
tal como o de Breno
esse sim, leve, ameno.
Amizade que não se evapora.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Da inspiração

"(...) A busca criativa tem que ser permanente; todos os universos estão cheios de novas a serem reveladas.
O buscador habitual se prepara inclusive para se deparar com o acaso, que, generosamente, passa a produzir tantos resultados que se torna assistente habitual. Além de tudo, o acaso trabalha de graça.
Em resumo: inspiração existe e, se se quiser assim, é o motor (auto ou alter) que leva alguém a criar algo com força de grandioso e que, uma vez expirado (isto é, posto a circular), encontra eco entre seus destinatários."

(Valdir Rocha, na edição de fevereiro-abril da revista Zupi)
"Bem-sucedido, apenas, é o escroto que consegue tirar melhor proveito da sua escrotidão."
(personagem João Dias, do livro Aritmética, de Fernanda Young)
E eu? Sigo "com brilho esse triste caminho de ser escritor no Brasil."
(Lúcio Cardoso, em carta à Clarice Lispector)
"Nós todos somos fracassados, nós todos vamos morrer um dia! Quem? mas quem pode dizer com sinceridade que se realizou na vida? O sucesso é uma mentira."
(Clarice Lispector, no conto "O homem que apareceu", do livro A via crucis do corpo)

terça-feira, 14 de agosto de 2007

No Parque Pedra da Cebola

O galo me observa de cima de seu autismo. O galo é autista. O galo é arrogante. O galo jamais tecerá a manhã com outro(s) galo(s), a não ser pelo canto. O galo canta com raiva. O galo canta com força. com arrogância. impõe seu grito. O galo saiu de meu campo de visão mas ouço seu canto arrogante. O galo estava me vigiando, incomodado com minha presença.
O avião passa e com seu ruído abafa o canto do galo. O galo recolhe-se na sua insignificância.

Carta aberta a Vinícius (psicólogo e fundador do GAIA - Grupo Aberto de Informações Artísticas)


Vinícius,
só hoje, passado tanto tempo que não nos vemos, entendo certas coisas. Só hoje entendo que, na época do GAIA e ainda depois, eu era sexualmente reprimida - pelo menos só hoje entendo a real dimensão e amplitude de tal repressão. Naturalmente que a minha sexualidade - embora não praticada com outrem na época - era saudável, e que a repressão era externa, exercida principalmente por meus pais, eles também, coitados, vítimas de uma sociedade provinciana, religiosa e sexófoba.
Só hoje entendo que deveria ter conversado mais com você, já que você era psicólogo, mas não cortaram só o meu sexo, cortaram também a minha língua a minha fala. Isso é castração. É por isso que entendo Reich: se se reprime sexualmente uma pessoa, ela passará a ser reprimida em todos os outros aspectos.
Só hoje entendo que você provavelmente sabia que eu era cosmopolita demais para viver com pessoas tão provincianas (no colégio, na família, na sociedade em geral daquela cidade interiorana). Talvez - ou melhor, provavelmente - foi por isso que aconteceu o que aconteceu comigo. Eu era uma estranha no ninho. O patinho feio.
Mas todo mundo sabe que no final da história o patinho feio vira um belo cisne. De toda forma, acho que o final da história ainda não chegou: "(...) e o fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar".

Monocultura


Há pessoas que só sabem falar sobre religião!


Obs.: engraçado que as pessoas adoram incomodar um fumante, falando para largarmos o cigarro, mas vai falar pra elas largarem o vício da religião... "ninguém merece" o fanatismo!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Inspiração...


Dearest Cleo, It's over between me and you..._ acrylic and mixed media on wood

(http://www.fotolog.com/matchew)

Love is for the Birds_ acrylic and collage on wood

(http://www.fotolog.com/silvanamello)

Republicando...

Soneto de minha autoria já publicado no Recanto das Letras:

Decadentismo²

1, 2, 3, 4, 5.
5 goles de absinto.
5, 4, 3, 2, 1.
Mais 1 copo de rum.

46, 47, 48, 49, 50.
50 doses de menta.
5³, 7³, 21³, 4², 29³.
29³ tonéis de vodka e gelos em cubo.

E ainda não está bêbada a atriz.
E no quadro-negro risca a bissetriz
de um ângulo agudo

enquanto bebe cerveja no canudo
calcula com cuidado tudo
escreve com cigarro e fuma o giz.

Lembram daquela turminha fofa do ursinho Pooh?


(http://www.fotolog.com/okashi_san)

Árvore no túnel

... e os galhos cresciam desarvoradamente, com suas folhas roçando o cilindro, rumo à luz no fim...

Etimoludia

A serra era como uma ex-carpa: como se só houvesse sobrado o esqueleto cartilaginoso de uma versão em proporções grotescas do referido animal aquático.

D"O amor" clariceano

Mas ninguém falou que, quando os ovos caíram, das gemas escorridas brotaram cogumelos inflados como pães-de-queijo.

Fracaço (sic - em itálico)

Estive com deng (sick).
Mas o viruz (sic), kê (siq)ueria mau,
dez(sic)ntegrou-se.

Ondas escarlates

Estava no metrô lendo Peirce quando esbarraram no meu piercing com uma uma bolsa enorme e meu nariz começou a sangrar tanto que inundou o metrô, afogando todos os passageiros num rio-mar vermelho fluindo veloz com suas corrente rubras.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Saci

O saci é o verdadeiro símbolo nacional. Ele está para o Brasil tal qual o Tio Sam para os EUA. Pois o Brasil é tão f... igual a um negro perneta, como se não bastasse ser negro (não sou racista, entenda-se bem. O problema é justamente ser negro num país tão racista, e ainda por cima aleijado). Lógico que quando associo o Brasil ao Saci, estou falando do "Brasil povo", que é a maioria de seus habitantes, e não do "Brasil elite", que voa em jato particular de luxo comendo caviar.
A lojinha aqui em São Francisco de Paula - RS, que me inspirou tal post é homônima ao mesmo, porém escrito com "y": Sacy: O "y" é a muleta que o Saci "pegou emprestado" com o Tio Sam para se apoiar... - "pegou emprestado" entre aspas porque Tio Sam não sabe o que é emprestar, compartilhar... e essa muleta tá saindo bem cara!

Orgasmo no esôfago

Hoje experimentei uma nova sensação. Engoli a euforia e ela roçou o início de meu tubo digestivo, após a garganta.
(Também já tive orgasmo no olho. Ele estava coçando e eu comecei a coçar, coçar, coçar, até que... ahhhhhhh!)

Bundalelê

Homem que faz isso deve morrer de vontade de dar o rabo. Deve ser uma oferenda. Algo do tipo: "Vem me comer, vem, tô doido pra te dar meu cuzinho!"

sábado, 4 de agosto de 2007

antevisão (i)lúdica

No passado, previ tanto o futuro que previ inclusive coisas que não aconteceram nem acontecerão jamais.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Meus filhos


Seleção das "minhas" amêndoas (hehe) para a produção do chocolate. Foto da foto exposta na fábrica de chocolate Paver, em Gramado.

Acaba com Talentos

Acho que nem preciso citar o nome da emissora à qual estou me referindo...