terça-feira, 14 de agosto de 2007

No Parque Pedra da Cebola

O galo me observa de cima de seu autismo. O galo é autista. O galo é arrogante. O galo jamais tecerá a manhã com outro(s) galo(s), a não ser pelo canto. O galo canta com raiva. O galo canta com força. com arrogância. impõe seu grito. O galo saiu de meu campo de visão mas ouço seu canto arrogante. O galo estava me vigiando, incomodado com minha presença.
O avião passa e com seu ruído abafa o canto do galo. O galo recolhe-se na sua insignificância.

2 comentários:

J.M. de Castro disse...

Ótimo!! òtimo mesmo!! poesia pura..tão bom que é difícil de comentar!!! è melhor deixar essas palavras dentro da gente pra fazer uma espécie de canto (como o do galo?)ao invés de, primariamente, soltar um comentário. depois que o canto das palvras urgir...aí sim um comentário digno de suas palavras...

Mas o Galo (e a galinha) tem uma espécie de imã poético. Que ser!! Que ser!!! A Clarice que o diga...e também o Gullar..com o GALO GALO (conhece?)

Cacau disse...

do Gullar, não conheço não, Zé, apresente-me, fazendo o favor. Mas seu canto foi digno, sim, teceu com o meu uma ótima manhã (ou melhor, tarde, são 16:25 - já viu galo cantar essa hora? Nós cantamos!) Mas sabe q eu acho galo - e galinha tbm, mas principalmente o galo, com aquelas pelancas vermelhas e enrugadas caindo da cabeça - um bicho feio pra kct? ele deve inspirar os poetas pela bizarrice, não é possível. E inspira tanto que inspirou até o Cabral, que não acreditava em inspiração, hehe. Já o "Ovo e a galinha" que me aguarde, ainda vou fazer um estudo profundo dele! Já andei lendo algo sobre ele, aliás, mas senti em tal crítica a ausência de algo que vi no texto e que achei fundamental... merece um artigo!