terça-feira, 14 de agosto de 2007

Carta aberta a Vinícius (psicólogo e fundador do GAIA - Grupo Aberto de Informações Artísticas)


Vinícius,
só hoje, passado tanto tempo que não nos vemos, entendo certas coisas. Só hoje entendo que, na época do GAIA e ainda depois, eu era sexualmente reprimida - pelo menos só hoje entendo a real dimensão e amplitude de tal repressão. Naturalmente que a minha sexualidade - embora não praticada com outrem na época - era saudável, e que a repressão era externa, exercida principalmente por meus pais, eles também, coitados, vítimas de uma sociedade provinciana, religiosa e sexófoba.
Só hoje entendo que deveria ter conversado mais com você, já que você era psicólogo, mas não cortaram só o meu sexo, cortaram também a minha língua a minha fala. Isso é castração. É por isso que entendo Reich: se se reprime sexualmente uma pessoa, ela passará a ser reprimida em todos os outros aspectos.
Só hoje entendo que você provavelmente sabia que eu era cosmopolita demais para viver com pessoas tão provincianas (no colégio, na família, na sociedade em geral daquela cidade interiorana). Talvez - ou melhor, provavelmente - foi por isso que aconteceu o que aconteceu comigo. Eu era uma estranha no ninho. O patinho feio.
Mas todo mundo sabe que no final da história o patinho feio vira um belo cisne. De toda forma, acho que o final da história ainda não chegou: "(...) e o fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar".

Um comentário:

Cacau disse...

Referências das imagens:

1. http://www.fotolog.com/popil

2. Que me perdoe o autor dessa imagem, mas perdi-me nesse mar de ondas revoltas que é a internet e não anotei seu nome / apelido / fotolog. Apesar da internet estar fazendo muita gente repensar a questão dos direitos autorais, faço o q posso para preservá-los. Entendo que a arte tem que ser disseminada, sim, mas ainda não consigo me acostumar com a idéia de artistas grandiosos serem meras pessoas anônimas...